Projeto ProtechDry é sucesso mundial na área da saúde
Um projeto de I&DT; promovido pela Impetus com apoio do COMPETE – PO Fatores de Competitividade
Da parceria entre a empresa portuguesa Impetus, líder europeia de roupa interior masculina, e a Universidade do Minho resultou o “Protechdry”, tecido certificado como “dispositivo médico” que se traduz em roupa interior para homem e mulher para a incontinência urinária. Este projeto cofinanciado pelo COMPETE no âmbito de dois Sistemas de Incentivos às Empresas (SIDT e SI Inovação), levou-o aos mercados mundiais: “Os fundos comunitários criam-nos a vontade de avançar”, afirma o presidente da Impetus, Alberto Figueiredo.
A roupa interior fabricada em Barqueiros (Barcelos) pela Impetus revolucionou as soluções para a incontinência urinária e chega hoje a todo o mundo através de uma sociedade entre a empresa portuguesa e a multinacional holandesa EMERGO, especializada em dispositivos médicos. Depois da sua certificação como “dispositivo médico”, e de ter iniciado a comercialização em farmácias e parafarmácias, o “ProtechDry” está a expandir a sua comercialização em termos mundiais.
Tudo começou com uma candidatura ao QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007-2013, da Impetus, o grupo industrial português presidido por Alberto Figueiredo que é líder europeu de roupa interior para homem. “Os fundos europeus são sempre motivadores. E criam-nos a vontade de avançar, mesmo em tempo de crise quando as condições para investir diminuem”, afirma Alberto Figueiredo.
Há uns anos a Impetus sabia que precisava de inovar, de investir em Investigação e Desenvolvimento (I&D), para continuar a crescer. E a dimensão do mercado da incontinência urinária parecia interessante: o esforço pós-parto, problemas do sistema urinário (sobretudo em pessoas mais velhas), stress pós-intervenção cirúrgica ou reação a variações de temperatura, são algumas das patologias que tornam necessário a muitas pessoas um dispositivo que as deixe confortáveis quando têm perdas de urina. A Impetus encontrou então no Grupo de Investigação em Materiais Fibrosos, da Universidade do Minho, o parceiro certo para criar e desenvolver um tecido inovador capaz de reter perdas moderadas de urina, neutralizando odores.
Avançou-se então com uma candidatura aos incentivos às empresas no âmbito do QREN, que se vieram a tornar decisivos para a investigação e desenvolvimento que se realizou entre 2009 e 2011. O tecido que se criou foi então adaptado a roupa interior de homem e de mulher, ou seja: cuecas com capacidade para absorver 30 mililitros (ml), nas peças para senhoras, e 40 ml, no caso dos homens, que de acordo com as novas normas passaram para 60 ml em senhora e 90 ml em homens.
O desenvolvimento e implementação deste projeto foram apoiados pelo programa COMPETE no âmbito de dois Sistemas de Incentivos às Empresas (SIDT e SI Inovação), correspondendo as duas candidaturas a um investimento total de 4,8 milhões de euros e uma comparticipação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 1,3 milhões de euros, dos quais 1,1 milhões a título reembolsável.
Além da roupa interior para homem e senhora, foi também desenvolvida uma proteção para os homens usarem nos calções de banho. Os produtos foram testados por diversas pessoas com este tipo de problema, que foram claros na sua preferência face a pensos ou fraldas descartáveis: afirmaram uma satisfação de 100% no conforto, absorção e desempenho do “ProtechDry”, mesmo após repetidas lavagens.
Fora do âmbito dos apoios QREN, mas crucial para maximizar o investimento e alcançar os resultados globais da empresa, o passo seguinte foi o da comercialização: começou-se por onde parecia natural, pelas farmácias e parafarmácias. “Só que este mercado não tinha nada a ver com os nossos mercados habituais”, relata Alberto Figueiredo, que identifica nas dificuldades que sentiu com o lançamento deste produto um mal comum à indústria nacional: “Inventamos, criamos, mas depois não sabemos comercializar”, afirma. “Há excelentes produtos feitos em Portugal que morrem porque o canal escolhido para a sua venda não tem viabilidade”.
No caso da Impetus houve disponibilidade – e capacidade – para procurar a melhor solução para a distribuição do “ProtechDry”. E encontraram-no na sociedade que estabeleceram com os holandeses da EMERGO, a ProtechDry International Distribution. “Este foi o caminho certo para determinar o canal de comercialização mais apropriado a cada país”, explica Alberto Figueiredo.
Desde que o canal certo foi encontrado, a receção internacional tem sido a melhor. Na Argélia, por exemplo, o Estado comparticipa o produto a 100%; e no Brasil o Ministério da Fazenda atribui-lhe a taxa mínima de IVA, igual à das fraldas descartáveis. “Em Portugal vamos pedir ao Ministério das Finanças que faça o mesmo”, adianta Alberto Figueiredo.
O sucesso do “ProtechDry” fez com que a Impetus e a Universidade do Minho tenham avançado para outros produtos de saúde. E há vários na calha. Novas peças com maior capacidade de absorção da urina (140 ml para mulher e 150 ml para homem), com uma variante para paraplégicos equipada com sensor. Está também em desenvolvimento uma linha de roupa interior para obesos. E outra de camisolas interiores que ajudam a melhorar a postura. “Eu espero que no próximo ano 20% das nossas vendas sejam de produtos de saúde”, conclui Alberto Figueiredo. “E continuamos a contar com os fundos europeus para nos ajudarem nos nossos projetos”.
13-08-2022